quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O QUE MIGUEL RELVAS DEVIA SABER ANTES DE IR AO ISCTE




Se Miguel Relvas (ou algum assessor) tivesse lido este artigo publicado na última edição do Expreso, se eles o entendessem e percebessem o que está verdadeiramente em causa, talvez não tivesse arriscado uma "ida" ao ISCTE.


Que outra atitude resta aos alunos, e não apenas a estes, gritar a plenos pulmões a sua indignação e revolta? Ou, será que, já entrámos na fase do "come e cala" ?
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(...) Do que o sistema precisava era de um credor de último recurso. No ano passado, o BCE avançou e comprometeu-se a ser este credor. Ao fazê-lo, afastou o perigo existencial que existia na zona euro e desestabilizava o sistema. Antes da decisão do BCE, os investidores temiam o colapso da zona euro. A nova posição do BCE reduziu este medo existencial que estava a destruir a zona euro.

Significa isto que a zona euro está segura? A curto e médio prazo, sim. A longo prazo, não. A maior ameaça para a zona euro hoje em dia não advêm da instabilidade financeira mas da potencial instabilidade social e política resultante da depressão económica para a qual foram empurrados os países da Europa do Sul e da qual resultam níveis de desemprego nunca vistos desde os tempos da Grande Depressão. Em certos países do sul da zona euro a taxa de desemprego está hoje bem acima dos 20%. O desenvolvimento mais dramático é o aumento do desemprego juvenil que está na Grécia e Espanha acima dos 50% e em torno dos 30-40% em Itália e Portugal. Se a situação não for depressa revertida, pode levar a uma agitação social e política em sociedades que se tornaram incapazes de dar um futuro aos seus cidadãos mais jovens.

(...) Este estado de coisas é resultado da profundos erros de gestão macroeconómica na zona euro. As políticas macroeconómicas na zona euro têm sido ditadas pelos mercados financeiros. Os países da Europa do Sul são os que acumularam no passado défices da balança comercial, enquanto que os países do norte acumularam excedentes. Por isso, os países do Sul tornaram-se devedores e os do Norte credores, neste sistema.

(...) Portanto, pode concluir-se que o fardo dos ajustamentos aos desequilíbrios na zona euro entre devedores e credores foi suportado exclusivamente pelos países devedores da periferia.

(...) Há um risco real de os cidadãos dos países do Sul da Europa que são sujeitos que são sujeitos a prolongadas contrações económicas que colocam o desemprego a níveis nunca vistos desde 1930 se revoltarem e rejeitarem um sistema que lhes foi apresentado como promessa do paraíso económico.

(...) Raras vezes as políticas económicas foram ditadas por tanto dogmatismo em torno do equilíbrio orçamental como hoje.>>



( Paul De Grauwe, jornal Expresso, 16 de Fevereiro de 2013 - excertos de "A crise do euro terminou? )

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