HISTÓRIAS DA MINHA JUVENTUDE - PUBLICADO PELO (IM)PARCIAL EM 16 DE FEVEREIRO DE 2010

                                                

Nos meus tempos de criança, uma loja do meu bairro vendia uns rebuçados que eram embrulhados juntamente com cromos de jogadores de futebol. Saíam vários prémios, sendo o mais valioso "uma bola de futebol" que era dada a quem preenchesse totalmente a caderneta dos cromos.

Um dia, dois miúdos de 7 e 8 anos, apanharam distraído o dono da loja e levaram uma caixa quase completa dos respectivos rebuçados.


Perto havia ( e há ) um cemitério, que foi o sítio ideal para fazerem a divisão da "mercadoria". 
Ao saltarem o muro ( que era baixo), deixaram cair dois rebuçados para o exterior do cemitério,e lá foram descansados fazer a distribuição para uma campa que se encontrava devoluta, perto do referido muro.


Estavam eles a contar o "produto", "UM PARA MIM , UM PARA TI", quando o guarda do cemitério que passava perto, ao ouvir vozes vindas de dentro da campa (pensando que eram almas do outro mundo), correu para o exterior do cemitério dirigindo-se muito aflito a um guarda-republicano que passava,contando-lhe o sucedido.

Estavam os dois na rua, junto ao muro por onde os garotos tinham entrado( cheios de medo), a ouvirem a contagem, quandode repente se deixou de ouvir vozes ( os miúdos tinham acabado a distribuição).
 Nesse momento, um miúdo diz para o outro, referindo-se aos 2 rebuçados:
O que vamos fazer àqueles dois que estão lá fora?


Os guardas, pensando que era com eles, desataram a correr- com o medo estampado no rosto- só parando em Xabregas para pedirem socorro.