terça-feira, 4 de setembro de 2012

TEMPO DE RATAZANAS


"Que o ajustamento era um sucesso, que as reformas estavam a produzir efeitos, que as exportações eram a prova do sucesso do ajustamento, que o país até ouro exportava, que os portugueses finalmente poupavam em vez de consumir, que Portugal era o exemplo de sucesso da estratégia da austeridade brutal. Passos era mais troikista do que a troika e esta eram mais passista do que o Passos.

O povo era manso e isso criava a oportunidade ideal para o transformar em ratinhos de laboratório, o Gaspar ia decidir que ratinhos deviam ficar pobres e que ratinha deviam ficar ricos, o Crato quer decidir que ratinhos devem ficar inteligente e que ratinhos devem ficar burros, o Macedo também acha que pode decidir que ratinhos ficarão doentes e que ratinhos deverão ser curados.

É evidente que havia a Constituição mas isso não passa de um saco de preconceitos, trata-se de regras que não devem ser observadas pois impedem as empresas de ganhar dinheiro. Aos juízes opôs-se a opinião dos banqueiros e gestores, o presidente do Tribunal Constitucional é um zé ninguém ao pé do presidente do BCP e para o presidente do Supremo basta o da UNICER que além de mandar na Superbock ainda manda no Paulo Portas.

Tudo corria bem, os negócios iam de vento em popa, o chineses levaram a EDP e em troca empregaram o Catroga, o genro do outro levou o Pavilhão Atlântico pelo preço de uma barraca de farturas, o Relvas prepara-se para oferecer a RTP aos amigalhaços que o ajudaram a ser doutor e ministro. As reformas eram uma maravilha, eram tão boas que o Passos até queria alargar os negócios e vender mais uns anéis ao desbarato.

Isto já era outra vez um oásis, numa Europa a cair na recessão e com a vizinha Espanha à beira de um ataque de nervos o homem que raramente se engana já prometia criação de emprego e crescimento em 2012, o Passos dizia que era o ano da mudança e que em 2013 viria o crescimento. A receita fiscal estava a correr de acordo com o previsto e Passos assegurava quem em Maio seriam feitas as contas ao orçamento e tudo estaria bem.

Mas parece que a coisa deu para o torto, o desemprego foi muito maior do que o esperado, a recessão ultrapassou os limites, enfim, correu tudo muito melhor do que o esperado, a receita fiscal é que tramou tudo. Agora a troika já não elogia o governo em seminários da treta, o Gaspar deve ter caído nalgum alçapão do Terreiro do Paço e desapareceu, o Passos já não quer ser nem mais, nem menos, nem troikista e anda por aí como um doido a dizer que não quer nem mais tempo nem dinheiro.

O presidente do país dedica-se à nobre tarefa de sugerir que a culpa é da troika, o mui digno Marceli Rebelo de Sousa sugere ao governo uma estratégia manhosa de deixar a troika com as culpas todas e esta reage dizendo que está cá de passagem e que quem governa é o governo. Este país assiste agora a uma autêntica correria de ratazanas".
(O Jumento/2012-09-04)


-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- MAIS UM QUE ESTÁ "AO LADO" DOS PORTUGUESES.


EURODEPUTADO ELEITO PELO PARTIDO SOCIALISTA

"TRABALHADORES DEVIAM TER APENAS 12 MESES DE RETRIBUIÇÃO"
A medida que António Correia de Campos considera mais adequada para substituir as receitas de que o Estado vai necessitar no próximo ano, depois do Tribunal ter declarado a insconstitucionalidade dos cortes na Função Pública, passa por repartir o mal "por toda a gente".
"Por muito que isso custe aos empresários, ao sector privado e aos trabalhadores por conta de outrem, tem que haver um mecanismo de igualização dos sacrifícios", sustenta. Segundo o ex-ministro da Saúde isso pode ser feito "de uma forma relativamente anestesiante", que se concretizaria da seguinte forma: "pegar nos dois subsídios [férias e Natal], extinguir um deles e mensualizar o outro. Os trabalhadores portugueses do sector público ou privado passariam a ter apenas, como na maior parte dos países da Europa, apenas 12 meses de retribuição.
(04 Setembro 2012 Jornal de Negócios)

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