O GÉNIO DOS NOSSOS" QUERIDOS" BANQUEIROS!
QUERO SER BANQUEIRO
Tenho uma empresa que já viu dias mais prósperos. Mas captei os apelos do governo ao empreendedorismo e lembrei-me da solução milagrosa: arranjar uns desempregados que queiram aperfeiçoar as suas competências saíndo da zona de conforto dos subsídios e trabalhando para mim. Sem receber mais nada, claro. O Estado paga, eles laboram e eu lucro. É a panaceia universal para os males da economia, pelo menos enquanto não dão seguimento à minha petição para que a escravatura seja legalizada. Os trabalhadores assim engajados libertam-se da preguiça, o Estado cumpre o seu dever social, a livre iniciativa progride.
E que farei com tais proventos? Outra ideia genial: refinancio-me no Banco Central Europeu, pedindo dinheiro com 1% de taxa de juro. Mas não caio no engano de investir a massa de forma produtiva, arriscando-a em contratações, aquisição de equipamento ou bizarrias semelhantes. Não; compro obrigações do Tesouro português no mercado secundário e fico sentadito a ver o investimento crescer, à conta dos juros extorsionários que o Estado lá vai pagando, depois de espremer devidamente os cidadãos Nada de original. A primeira ideia já a teve um dos sátrapas da nossa banca, Fernando Ulrich. A segunda tem sido prática corrente este ano: os bancos cortaram o financiamento às empresas 6,8 mil milhões de euros e investiram 7,4 milhões em dívida pública. Deve ser para preservar estas importantes funções e estes cérebros privilegiados que urge a todo o custo salvar a banca. Pois.
Luís Rainha, Jornal i, 24.10.2012 http://www.ionline.pt/opiniao/quero-ser-banqueiro
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