OS PORTUGUESES, OS CORTES, E O GOVERNO
O Conselho de Ministros de sábado reafirmou a necessidade de cortar mais 4.000 milhões na despesa pública.
O Conselho de Ministros de sábado reafirmou a necessidade de cortar mais 4.000 milhões na despesa pública. No final da reunião o Governo admitiu que algumas das medidas destinadas a produzir resultados em 2014 já deverão provocar efeitos este ano. Falou-se mesmo de poupanças estruturais que passam por uma maior eficiência e equidade.
O que não foi dito, mas está subjacente é a necessidade de substituir ou prolongar no tempo mais 3.000 milhões de euros de cortes temporários em vigor até ao final de 2014, como a sobretaxa de 3,5% no IRS, as reduções salariais na Função Pública ou a suspensão dos subsídios de férias aos trabalhadores do Estado, entre outros. Se a comunicação das "poupanças" vai criar um momento de tensão no País, a ideia de prolongar os sacrifícios irá indispor ainda mais os portugueses.
É certo que o País tem de cumprir os compromissos assumidos e que estes se prolongam para além da presença da ‘Troika', mas com a economia a crescer - como se perspectiva para 2014 e anos seguintes - será muito mais difícil explicar a manutenção de tais medidas. Por mais que se diga o contrário, os portugueses não aguentam mais impostos, nem tolerarão o prolongamento das medidas extraordinárias.
E o aumento das receitas fiscais por via do aumento da riqueza e do consumo também vai ser difícil de atingir nos próximos anos, com as medidas de austeridade já em vigor, aquelas que se perspectivam e a necessidade de manter a balança de corrente e de capital equilibrada, ou seja, basicamente, com mais exportações e menos importações, até porque os nossos principais mercados, os europeus, também estão em crise. O equilíbrio é difícil, mas dele depende a evolução harmoniosa da economia e da sociedade portuguesas.
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