quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

EIS,PORQUE O FANTASMA DE JOSÉ SÓCRATES PAIRA NO AR!!!




(...) Para eles, para estes terroristas económicos, o que é determinante é conseguir ir aos mercados pedir dinheiro a 5% de juros, equilibrar a balança comercial simplesmente porque o país já não vive, apenas vegeta, e continuar a prestar vassalagem a uma Alemanha que está a destruir a Europa.

Não, não cometerei a mesma hipocrisia da actual maioria quando era oposição e sustentava que todas as dificuldades eram apenas decorrentes das políticas do governo Sócrates. O primeiro governo Sócrates foi o único, em muitos anos, que conseguiu reduzir o défice das contas públicas e com crescimento económico, embora anémico. O que o derrotou, depois, foi o efeito avassalador da crise nascida nos Estados Unidos e ter seguido à risca as orientações iniciais de Bruxelas de que o momento era de gastar sem olhar a quanto para evitar que a crise financeira degenerasse em crise económica - o que vei a acontecer quando Bruxelas mudou radicalmente a sua abordagem à crise e começou a exigir contas públicas equilibradas. Aí, sim, Sócrates e Teixeira dos Santos entraram em deriva e cederam ao pânico instalado na Europa - de que a trágica decisão de acorrer ao BPP e ao BPN foi o passo decisivo para o cadafalso.

Ao contrário do que então sustentava a aoposição, de direita e de esquerda, também hoje seria desonesto ignorar a importância decisiva do factor externo na nossa crise. A diferença, porém, é que actualmente toda a estratégia europeia, determinada pela Alemanha, tem tido o apoio militante do Governo português. Se a redução substancial dos fundos europeus compromete decisivamente a saída da crise, ela foi julgada aceitável pelo Governo português, se as nossas exportações deixaram de crescer para fora da zona euro é porque o euro está sobrevalorizado face ao dólar e ao yuan, mas a Alemanha não quer fazer nada porque tem o terror histórico da inflacção e todos têm de o aceitar. (....)

(...) Creio que tanto Portugal como os restantes países assistidos e todo o sul da Europa só sairão daqui organizadamente num movimento de revolta conjunto contra a Europa chefiada pela Alemanha e as políticas económicas por ela impostas. É uma grande aventura, pois é. Uma aventura tão grande ou maior ainda do que a própria aventura da construção europeia. E, infelizmente, não há aventuras sem aventureiros e o nosso candidato a tal chama-se Passos Coelho. É razoavelmente prevísível, como ele diz, que isto acabe muito mal.

(Miguel Sousa Tavares, jornal Expresso, 16 de Fevereiro de 2013, excertos da crónica "Intolerável")

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