quinta-feira, 28 de março de 2013

JORNALISMO NEURÓTICO



Por José Gabriel
Para aventar

 Não vou comentar o desempenho de Sócrates. Haverá muito quem o faça e a minha opinião negativa sobre a personagem não deixa dúvidas. Mas dispus-me a ouvir. Não há possibilidade. O revoltante jornalismo por encomenda de entrevistadores que se portam como aqueles cães pequenitos que ladram constantemente por tudo e por nada, que nos dão umas ferraditas nas calças em regime de toca e foge, na ânsia de agradar ao dono, não o permite.

São jornalistas fala-barato, que adoram ouvir-se e não suportam a fala do interlocutor, não lhe permitem um minuto seguido de argumentação. Pensam eles que estão a ser duros. Estou a vê-los no bar lá do sítio, gabando-se aos seus comparsas de que “torceram” o inimigo. Mas, no fundo, estão só a ser incompetentes e grosseiros para com o entrevistado e, sobretudo, para connosco, o público.
...

Uma entrevista dura e exigente não é nada disto. Exige gente preparada a sério, que saiba pôr questões pertinentes e implacáveis, mas que saiba, também, ouvir o entrevistado no sentido de, a partir das suas respostas, o interpelar sem concessões mas, também, sem provocações infantis. A entrevista de Sócrates foi insuportável. Mas, sejamos honestos, desta vez a culpa não foi do ex-primeiro ministro mas dos jornalistas que nem sequer perceberam a encomenda que, mais que provavelmente, os seus mandantes lhes fizeram. No fim de tudo isto quem me lê deve estar a pensar que estou solidário com Sócrates. Não se trata disso. É que este tipo de jornalismo não o atinge só a ele, nem principalmente a ele. Por isso, protesto. Como cidadão que quer os direitos respeitados
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