JOSÉ DIOGO QUINTELA VS. MIGUEL SOUSA TAVARES
José Diogo Quintela vs. Miguel Sousa Tavares: o início de uma polémica?
"Fim de Março, época do IRS. Enquanto
nas casas da maioria dos portugueses se procuram facturas para apresentar, na de
Ricardo Salgado esconde-se o camembert. Para que o banqueiro não se
esqueça de declarar tudo o que ganhou. Como no ano passado, em que olvidou 8,5
milhões de euros.
Duvido de
que este ano Ricardo Salgado se esqueça de declarar um boião de brilhantina que
seja. Ainda deve estar a tremer com o que foi dito nos jornais. Principalmente
com o que escreveu Miguel Sousa Tavares no Expresso. Eis um resumo do que
M.S.T. teve a dizer sobre a tentativa de fuga ao
fisco:
Logo na
semana em que foi noticiada a amnésia fiscal, M.S.T. não hesitou e escreveu
sobre esse tema prenhe de actualidade que é o acordo
ortográfico.
Não
satisfeito com isso, na semana seguinte, zás!, falou sobre o excitante e nada
programado regresso de Portugal aos
mercados.
Na terceira
semana, com toda a gente impaciente para ler o que tinha a dizer sobre a falta
de memória do CEO do BES, a original crónica de M.S.T. teve ainda mais impacto.
Foi sobre o (também muito pertinente) descarrilamento (sic) de um camião
de porcos na A1.
Também não
falou de Salgado na quarta semana. Nem na quinta. Nem na sexta. Ou na sétima.
Nem há duas semanas. Nem na semana
passada.
Como o
leitor deve imaginar, Ricardo Salgado não dorme há dois meses. Tem terror do que
M.S.T. irá dizer quando finalmente resolver falar. É que, para estar há tanto
tempo calado, M.S.T. só pode andar a investigar, fundamentando bem a bordoada
que irá aplicar no traseiro capitalista. Cada semana que passa mudo, é mais
balanço que dá à perna alçada. O suspense é
terrível.
O silêncio a que se remete enquanto pesquisa não é de
agora. Também não disse nada sobre o papel do BES na operação Monte Branco ou na
privatização da EDP. Aliás, ao consultar o livro A História não Acaba
Assim, que reúne os chamados "escritos políticos" de M.S.T. entre 2005 e
2012, também não se encontra nada sobre Ricardo Salgado e o BES. Ou seja, há
pelo menos oito anos que o mais influente comentador português, principal
colunista do principal semanário português, com uma página inteirinha só para
si, consegue nunca escrever sobre aquele que é considerado o homem mais poderoso
de Portugal. O esforço que não deve ser guardar a informação compilada para só
usar quando for mesmo preciso? É um monumento à
contenção.
M.S.T. é um
gavião, de olho acutilante para tudo o que sejam trambiquices de banqueiros. Já
vituperou Jardim Gonçalves, amesquinhou João Rendeiro, mandou bocas acintosas a
Fernando Ulrich, denunciou as negociatas da CGD no BCP, insultou Oliveira e
Costa e o BPN, fustigou o Banif, descompôs Vítor Constâncio, censurou Carlos
Costa e enxovalhou o Banco de Portugal em geral. Imagine-se o que não terá para
dizer de Salgado. Estou ansioso para que esse topa-Shylocks aldrabões se decida
por fim a dar uma lição ao prestamista amnésico. O dia em que M.S.T. finalmente
falar sobre Ricardo Salgado vai ser histórico.
Ou, então,
como a sua filha é casada com o filho de Ricardo Salgado, M.S.T. vai permanecer
caladinho. Mas, como é seu timbre, esse silêncio será corajoso e totalmente
livre e independente."
Quem conhece Sousa Tavares, aposta que a esta hora ele já
estará em frente à televisão a (re)ver os
últimos sketchs dos "Gatos Fedorentos",
tentando encontrar alguma referência a Manuel Dias
Loureiro e ao BPN
no programas de Ricardo Araújo Pereira&Cia. É que (pelo menos entre
Dezembro de 2010 e Fevereiro de 2012) Quintela foi sócio do antigo
"homem-forte" do BPN na "Bakers Capital", a SGPS que detinha um terço da
"Padaria Portuguesa", a rede de lojas de que Quintela é, como dizem os
brasileiros, "garoto propaganda" e um dos principais proprietários. Aguarda-se
(pois) a réplica... Virá?
(Blogue: José Paulo Fafe)
(Blogue: José Paulo Fafe)
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial