segunda-feira, 1 de abril de 2013

JOSÉ DIOGO QUINTELA VS. MIGUEL SOUSA TAVARES

José Diogo Quintela vs. Miguel Sousa Tavares: o início de uma polémica?




A  CRÓNICA  de José Diogo Quintela no "Público" de hoje intitulada "O que vale é que os compadres nunca se zangam" e em que Miguel Sousa Tavares é zurzido, sem dó nem piedade, e acusado de furtar-se nos seus escritos e intervenções semanais a comentar tudo o que se relacione com o grupo Espírito Santo dada a relação familiar que alegadamente, através da sua filha, possuirá com Ricardo Salgado, é de uma violência brutal e prenuncia uma polémica que, ou muito me engano, ainda irá fazer correr muita tinta. Atente-se na "brutalidade" do texto e no que coloca em causa:
"Fim de Março, época do IRS. Enquanto nas casas da maioria dos portugueses se procuram facturas para apresentar, na de Ricardo Salgado esconde-se o camembert. Para que o banqueiro não se esqueça de declarar tudo o que ganhou. Como no ano passado, em que olvidou 8,5 milhões de euros.
Duvido de que este ano Ricardo Salgado se esqueça de declarar um boião de brilhantina que seja. Ainda deve estar a tremer com o que foi dito nos jornais. Principalmente com o que escreveu Miguel Sousa Tavares no Expresso. Eis um resumo do que M.S.T. teve a dizer sobre a tentativa de fuga ao fisco:
Logo na semana em que foi noticiada a amnésia fiscal, M.S.T. não hesitou e escreveu sobre esse tema prenhe de actualidade que é o acordo ortográfico.
Não satisfeito com isso, na semana seguinte, zás!, falou sobre o excitante e nada programado regresso de Portugal aos mercados.
Na terceira semana, com toda a gente impaciente para ler o que tinha a dizer sobre a falta de memória do CEO do BES, a original crónica de M.S.T. teve ainda mais impacto. Foi sobre o (também muito pertinente) descarrilamento (sic) de um camião de porcos na A1.
Também não falou de Salgado na quarta semana. Nem na quinta. Nem na sexta. Ou na sétima. Nem há duas semanas. Nem na semana passada.
Como o leitor deve imaginar, Ricardo Salgado não dorme há dois meses. Tem terror do que M.S.T. irá dizer quando finalmente resolver falar. É que, para estar há tanto tempo calado, M.S.T. só pode andar a investigar, fundamentando bem a bordoada que irá aplicar no traseiro capitalista. Cada semana que passa mudo, é mais balanço que dá à perna alçada. O suspense é terrível.
O silêncio a que se remete enquanto pesquisa não é de agora. Também não disse nada sobre o papel do BES na operação Monte Branco ou na privatização da EDP. Aliás, ao consultar o livro A História não Acaba Assim, que reúne os chamados "escritos políticos" de M.S.T. entre 2005 e 2012, também não se encontra nada sobre Ricardo Salgado e o BES. Ou seja, há pelo menos oito anos que o mais influente comentador português, principal colunista do principal semanário português, com uma página inteirinha só para si, consegue nunca escrever sobre aquele que é considerado o homem mais poderoso de Portugal. O esforço que não deve ser guardar a informação compilada para só usar quando for mesmo preciso? É um monumento à contenção.
M.S.T. é um gavião, de olho acutilante para tudo o que sejam trambiquices de banqueiros. Já vituperou Jardim Gonçalves, amesquinhou João Rendeiro, mandou bocas acintosas a Fernando Ulrich, denunciou as negociatas da CGD no BCP, insultou Oliveira e Costa e o BPN, fustigou o Banif, descompôs Vítor Constâncio, censurou Carlos Costa e enxovalhou o Banco de Portugal em geral. Imagine-se o que não terá para dizer de Salgado. Estou ansioso para que esse topa-Shylocks aldrabões se decida por fim a dar uma lição ao prestamista amnésico. O dia em que M.S.T. finalmente falar sobre Ricardo Salgado vai ser histórico.
Ou, então, como a sua filha é casada com o filho de Ricardo Salgado, M.S.T. vai permanecer caladinho. Mas, como é seu timbre, esse silêncio será corajoso e totalmente livre e independente."
Quem conhece Sousa Tavares, aposta que a esta hora ele já estará em frente à televisão a (re)ver os últimos sketchs dos "Gatos Fedorentos", tentando encontrar alguma referência a Manuel Dias Loureiro e ao BPN no programas de Ricardo Araújo Pereira&Cia. É que (pelo menos entre Dezembro de 2010 e Fevereiro de 2012)  Quintela foi sócio do antigo "homem-forte" do BPN na "Bakers Capital", a SGPS que detinha um terço da "Padaria Portuguesa", a rede de lojas de que Quintela é, como dizem os brasileiros, "garoto propaganda" e um dos principais proprietários. Aguarda-se (pois) a réplica... Virá?
(Blogue: José Paulo Fafe)

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