quinta-feira, 12 de setembro de 2013

MOSCAVIDE E PORTELA 2013 - A BARATA

                                                        
                                                                

                                                                
                 A BARATA

Nas fendas e desvãos, em lar humilde ou nobre,

Fora da luz, se esconde a tímida barata.

Se sai do esconderijo e humano olhar descobre,

Prestes foge, e o pavor mais a acelera e achata.

 

Raro espalma num vôo as asas côr de cobre,

A farejar  com a tromba, em tudo põe a pata.

Ladra voraz, não poupa o negro pão do pobre,

Tisna as cartas de amor, mancha o cristal e a prata.

 

Múmia escamosa, o odor que exala causa nojo,

Cauta, vive a espreitar do fundo do seu fojo

A lesma que rasteja e o pássaro que voa.

 

Mas raia uma hora azul também em sua vida:

De branco um dia acorda! E é bela, assim vestida,

Como a noiva que o amor  ao pé do altar coroa...

 

(Gustavo Teixeira, poeta brasileiro, 1881-1937)

 

Do nosso amigo Simplício (Moscavide), com a seguinte dedicatória: " A uma barata-macho cá da terra, um onívoro anafado e já velho que é transmissor de várias "doenças" através das patas e fezes pelos locais onde passa".

 

Loures County Stories

Zeferino Dias

1 Comentários:

Às 13 de setembro de 2013 às 20:52 , Anonymous Anónimo disse...

Nas comitivas há uma barata que corresponde à descrição. Não sei é se as baratas também sorriem.

 

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