domingo, 13 de outubro de 2013

LOURES 2013 - A(BALADA) DOS AFLITOS. HUMANOS QUE SOIS MERCADOS


BALADA DOS AFLITOS

 

Irmãos humanos tão desamparados

a luz que nos guiava já não guia

somos pessoas - dizeis - e não mercados

este por certo não é tempo de poesia

gostaria de vos dar outros recados

com pão e vinho e menos mais valias

 

Irmãos meus que passais um mau bocado

e não tendes sequer a fantasia

de sonhar outro tempo e outro lado

como António digo adeus a Alexandria

desconcerto do mundo tão mudado

tão diferente daquilo que se queria.

 

Talvez Deus esteja a ser crucificado

neste reino onde tudo se avalia

Irmãos meus sem valor acrescentado

rogai por nós Senhora da Agonia

irmãos meus a quem tudo é recusado

talvez o poema traga um novo dia.

 

Rogai por nós Senhora dos Aflitos

em cada dia em terra naufragados

mão invisível nos tem aqui proscritos

em nós mesmos perdidos e cercados

venham por nós os versos nunca escritos

irmãos humanos que não sois mercados.

 (Manuel Alegre, 2011)

 
O nosso amigo Simplício, a quem não lhe cabe um feijão frade no rabo, enviou-nos este belo poema com a seguinte mensagem:

 
"Manuel Alegre dedicou este seu poema à 'Troika' . Pois eu, dedico-o a todos aqueles que, na vã glória de mandar , exerceram nepotismo, assédio, prepotência e arrogância, traindo a confiança do povo que os elegeu. Rebotalho humano - sem valor acrescentado -, ei-los que partem, estão de (a)balada e aflitos. São mercados, na prateleira, à espera de quem se disponha à compra e lhes assegure amparo."

 

Loures County Stories

Zeferino Dias

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