ANTÓNIO ARNAUT DESAFIA MAÇONARIA A REJEITAR «CAPITALISMO OPRESSIVO»
António Arnaut desafia Maçonaria a rejeitar «capitalismo
opressivo»
O escritor António Arnaut, antigo grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), exortou hoje a Maçonaria a rejeitar o «capitalismo opressivo» em Portugal e no mundo, lamentando o seu silêncio.
«Todos
aqueles que sentem o povo e a Pátria não podem ficar calados, sob pena de serem
cúmplices do drama social que estamos a viver», declarou António Arnaut à
agência Lusa, a propósito de dois livros da sua autoria que vão ser
apresentados no sábado, em Coimbra.
Na
sua opinião, a ordem maçónica, que integra há várias décadas, «devia realmente
intervir» e condenar publicamente «este capitalismo opressivo», tanto no país,
como a nível global.
"A
Maçonaria devia ter dito aquilo que disse o papa Francisco: o neoliberalismo
faz os fortes mais fortes, os fracos mais fracos e os excluídos mais
excluídos", disse.
Para
António Arnaut, escritor, advogado e um dos fundadores do PS, "trata-se,
aqui, de intervenção no plano dos direitos humanos, da dignidade do homem e da
própria defesa da identidade e da soberania da Pátria".
A
Maçonaria "devia ter uma palavra e tem estado calada", disse.
"Devia
fazer alguma coisa. Devia realmente utilizar os instrumentos do ofício: a régua
e o esquadro, que significam a retidão e a justiça, e o compasso, que significa
o livre pensamento e a liberdade", acrescentou.
Os
dois últimos livros de António Arnaut - "Alfabeto íntimo e outros
poemas" e "Iluminuras - Adágios, incisões e reflexões" - serão
apresentados no sábado, às 15:00, na Casa Municipal da Cultura de Coimbra, pelo
professor universitário Seabra Pereira e pela jornalista Clara Ferreira Alves,
respetivamente.
Numa
das reflexões, na segunda obra, o "maçon" e antigo grão-mestre do GOL
- Maçonaria Portuguesa questiona o papel da instituição "perante as chagas
de pobreza e sofrimento que assolam o mundo e cobrem de desespero o corpo
exausto de Portugal".
Defendendo
que, num tempo "de tantas desigualdades e injustiças evitáveis, não basta
proclamar os princípios", afirma que, "se a Maçonaria não tiver lugar
na consciência coletiva, não está na consciência individual dos que juraram
lutar pelos seus valores".
A
política, o socialismo e a solidariedade são conceitos que motivam outras das
reflexões do autor, que disserta ainda sobre o Serviço Nacional de Saúde, do qual
foi o principal impulsionador, e o atual líder da Igreja de Roma, o papa
Francisco, entre diversos assuntos.
"Chegámos
a este ponto mais por culpa dos socialistas, dos social-democratas e
democratas-cristãos do que propriamente dos neoliberais", disse à Lusa.
António
Arnaut acusou aqueles "que passaram para o neoliberalismo, que se
venderam", dando os exemplos de Tony Blair (antigo primeiro-ministro
britânico) e Gerhard Schroeder (ex-chanceler alemão), "que hoje são
administradores de grandes empresas".
Os
dois novos livros "são formas de intervenção poética, cívica e ética nos
momentos nublados que vivemos, em que o sol não aparece ou só brilha para
alguns", sintetizou.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=671417
Lusa / Diário Digital 2013-11-28
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