MÁRIO SOARES: MAIOR ERRO DE SEGURO FOI NÃO OUVIR OS SOCIALISTAS QUE NÃO O BAJULASSEM
O histórico líder socialista arrasa o actual secretário-geral do PS em entrevista ao jornal "i". E não tem dúvidas de que António Costa vai “ganhar sem dificuldade, de Norte a Sul do País e nas ilhas”.
Mário Soares não tem meias palavras para caracterizar António José Seguro. Na sua opinião, é um líder centrado nele próprio, inseguro e incapaz de ouvir os críticos. Por isso, não surpreende a "vitória de Pirro" nas eleições europeias. "Seguro nunca se identificou com a esquerda nem com o povo e sempre dialogou com o PSD actual e com Cavaco Silva", critica Soares. "Se estivesse ao lado do povo teria maioria absoluta".
O ex-Presidente da República e fundador do PS considera que Seguro cometeu vários erros. Entre eles "dizer diariamente que ia ser primeiro-ministro, como se mais nada lhe interessasse". Além disso, errou ao "não ouvir os socialistas que não o bajulassem" e "nunca falou à esquerda". Aliás, Seguro "nunca quis" unir a esquerda e derrubar a direita porque "ao seu diálogo foi sempre com a direita", contou ao "i".
"Espero que Seguro – que é muito inseguro – perceba finalmente que não será primeiro-ministro, como tantas vezes disse que seria, antes de ouvir os socialistas", sugere Soares, que acusa o actual líder socialista de manobras administrativas. "Até mudou os estatutos do PS para o conseguir. Em vão".
Por outro lado, António Costa é tudo o que Seguro não é enquanto político. O presidente da câmara de Lisboa "tem uma inteligência superior e é um excelente político". E "é – e sempre foi – um socialista de esquerda e está contra a direita, que tem destruído o nosso País".
Soares antecipa que Costa "vai ganhar sem dificuldade, de Norte a Sul do País e nas ilhas" as eleições primárias que se devem realizar em Setembro ou Outubro. "Não há dúvida disso", até porque "António Costa é um homem de valores e de esquerda, e nunca foi um homem mais ou menos à direita, conforme as circunstâncias".
"Cavaco Silva perdeu a fala"
O fundador do PS também aborda a actual situação política e considera que "depois de três chumbos sucessivos" por parte do Tribunal Constitucional, o Governo, "se tivesse vergonha ou sentido de valores, em vez de injuriar" os juízes, algo que é "uma vergonha inaceitável", "devia ter um mínimo de decência e ir-se embora". Se isso acontecesse, "era a alegria geral do povo português".
Porém, "o Presidente da República perdeu a fala. O que também é sintomático", considera Mário Soares.
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