SERÁ QUE A JUSTIÇA NÃO É IGUAL PARA TODOS?
O Papa Bento XVI atrasou, nos anos 80, o afastamento de um padre californiano acusado de pedofilia, justificando a sua decisão com o “bem da Igreja universal”
Uma série de cartas tornadas públicas sexta-feira pelo advogado das vítimas, Jeff Anderson, descreve “as liberdades sexuais” do padre Stephen Kiesle, em 1978, com “seis adolescentes entre os 11 e os 13 anos”, factos reconhecidos pelo próprio pároco.
Ao seu pedido, o padre Kiesle pediu para ser afastado, um pedido transmitido ao Vaticano pelo bispo de Oakland, John Cummins, em 1981. O Vaticano respondeu ao bispo indicando que desejava obter informações suplementares sobre a questão. As informações foram enviadas por John Cummins em Fevereiro de 1982 ao cardeal Joseph Ratzinger, futuro Bento XVI, então líder da Congregação para a doutrina da fé.
Na sua carta Cummins referiu estar convencido de que afastar o padre Kiesle “não provocaria um escândalo”, acrescentando: “seria um escândalo maior para a comunidade se o padre Kiesle regressasse ao seu ministério”.
Apesar dos pedidos repetidos da diocese de Oakland, foi necessário esperar até 6 de Novembro de 1985 para que Joseph Ratzinger respondesse a John Cummings. Na resposta, redigida em latim, o cardeal reconheceu “a gravidade” da situação, mas mostrou-se reticente em tomar uma decisão imediata, preocupado com o efeito que poderia ter sobre “o bem da Igreja Universal”.
Para o futuro Papa, o assunto devia ser alvo de “uma atenção específica, que necessita de muito tempo”.
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