sábado, 26 de janeiro de 2013

A HORA DE MUDAR AS MOSCAS



Artigo de opinião :

foto e texto : wehavekaosinthegarden.blogspot.pt

Neste momento, nos meios políticos deste Jardim à beira-mar plantado começa a existir um consenso alargado que está na hora deste governo acabar e de se fazerem novas eleições.

... É o PS que já se começa a ver à frente nas sondagens e o Seguro a já a ver os galifões do partido a cobiçarem-lhe o lugar, são os partidos ditos mais à esquerda que acreditam ser possível subirem a sua votação ganhando mais uns deputados e, mesmo dentro da coligação, o CDS, sem querer ser o responsabilizado pela crise politica quer lavar as mãos enquanto no PSD há quem pense que o partido corre o perigo de desaparecer eleitoralmente se não puserem um travão a isto.

Só o Presidente, que é banana e cobarde, não pensa nada.

Este governo já fez o trabalho sujo, aumentar impostos e destruir direito, tem na forja a “Refundação do Estado” que, resumidamente quer dizer o desbaratar do Estado Social, do SNS, da Escola Pública e dos poucos direitos que ainda resistem. É hora de tentar travar a contestação social que se pode transformar em confrontação se nada for feito e de fingir de novo que algo vai mudar, para que no fim fique tudo na mesma.

Nada disto é novo, os partidos do poder vão uma vez mais seguir a política do alterne, o Paulo Portas lá vai ter de usar o boné das feiras para o CDS voltar a ser o partido bonzinho que gosta de pensionistas e agricultores e os partidos à esquerda reclamar das políticas e das maldades da direita.

Renegoceia-se a divida, faz-se mais divida, mais concertação social, mais austeridade, mais discursos de ocasião, umas greves e umas manifestações.

De novo só a habilidade mais uma vez demonstrada pelo sistema em conseguir absorver e domesticar a contestação social. Em menos de dois anos, o grande movimento cívico e apartidário nascido da Acampada do Rossio é um cordeiro não a contestar o sistema mas só algumas políticas.

Se o PCP utiliza a CGTP para a criação das grandes manifestações de rua, o BE tem os movimentos sociais. Basta ver que já para dia 2 de Março o que se pede é a demissão do governo não se falando mais em democracia verdadeira ou em contestar a classe politica.

Onde a culpa era de “banqueiros e políticos” ficaram só os banqueiros que afinal os políticos não são todos iguais. Por este andar, mais dia menos dia, até os banqueiros o vão deixar de ser.

O que sobra então? Uma franja de gente que se mantêm fiel ao espírito das acampadas, que acredita que o mal não está neste ou naquele governo mas no próprio sistema.

Gente que exige mais democracia, mais directa e mais participativa.

Gente que acredita que quem governa serve o país e não se serve dele, gente que acredita que quem governa tem de prestar contas sempre e a qualquer momento, que a legitimidade num cargo não é um direito com um limite temporal definido à prior mas um dever escrutinado dia a dia.

Gente que acredita que quem governa o faz para servir os homens e não os Mercados e os banqueiros. Gente que sabe que esta dívida não é nossa e é um embuste criado para assaltar os nossos direitos, o património e os dinheiros públicos.

Gente que acredita em pessoas e não em números, que acredita no trabalho comunitário e não no escravo, que acredita na solidariedade e não na repressão. Felizmente gente que não se vende nem se cala.

PS: Sei que isto que escrevi não vai agradar a muita gente de partidos e movimentos sociais, nomeadamente àqueles que continuam honestamente a convictamente a acreditar que é ali que está a mudança. Talvez tenham razão, mas convém sempre ir fazendo algumas reflexões e perguntas a nós próprios ao longo de cada caminho que trilhamos. Porque às vezes também não temos razão

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