sábado, 26 de janeiro de 2013

RELVAS CRIA MINISTÉRIO DA RTP

RELVAS CRIA MINISTÉRIO DA RTP

Artigo de opinião :

RELVAS CRIA MINISTÉRIO DA RTP

Paulo Gaião

O perigo de governamentalização da RTP ficou ontem bem visível na intervenção de Miguel Relvas na RTP.

De forma a afastar qualquer suspeita de que foi derrotado politicamente, o ministro quis fazer sangue.

Como responsável da tutela revelou, num tom justiceiro,  que nos próximos dois anos a RTP vai ser reestruturada num processo "doloroso", com vista a que, no final do prazo, se volte a colocar a hipótese da privatização. Mas foi mais longe. Falou  dos 540  milhões de euros que a RTP custa por ano ao Estado, como se fosse o verdadeiro Presidente da estação ( superando a própria saga  de Mário Crespo de que a RTP custa  1 milhão de euros por dia).

É evidente que a RTP é há muito um sorvedouro de despesa, com vencimentos  milionários, regalias e mordomias mas cheira a "vendetta" ser Relvas a dizê-lo.

Chegou ao cúmulo de falar em programação e audiências, como se fosse o verdadeiro director da RTP.        

Não é assim que o governo consegue mobilizar energias para a reestruturação de que a televisão pública necessita. 

Do lado da RTP, a legitimação desta actuação do ministro por parte do presidente da  estação, Alberto da Ponte, nomeadamente através da sua presença (ao que se sabe inédita num presidente da RTP) no próprio Conselho de Ministros de ontem, também não se entende.    

A pobreza e pequenez do país condena-nos a soluções erradas. Em abstracto, a privatização da RTP era a melhor solução. 

Como o mercado português parece exíguo para três televisões em concorrência plena e as condições actuais do mercado publicitário são péssimas (com tendência a que a galinha dos ovos de ouro nunca mais seja o que era), privatizar podia, de facto, trazer grande instabilidade a um sector que (convém não esquecer) é o quarto poder. 

No entanto, a privatização, com critérios transparentes, privilegiando grupos sólidos com know televisivo, era a solução que dava mais garantias de uma televisão livre e independente e com critérios seguramente mais justos de reestruturação do que o governo prepara para a RTP.

A verdade dos mercados num negócio como o televisivo  é sempre preferível a uma reestruturação da RTP feita no âmbito exclusivo do Estado, do poder totalitário de um governo  e da luta política entre os partidos.       

Há vinte anos, quando acabou  o monopólio estatal de televisão, a pequenez do país também nos condenou  a uma situação anómala: a atribuição de um canal de televisão à Igreja Católica, propriedade desta, da Rádio Renascença e do Santuário de Fátima...

Esta situação, que depois conduziu a TVI a outra igualmente anómala, à adulteração do projecto inicial, contrário às condições da licença atribuída, através da venda à Media Capital, também foi responsável ano após ano pelo adiamento sucessivo da reestruturação da RTP e pelo estado a que hoje chegámos....    

expresso.sapo.pt

Artigo de opinião :

Paulo Gaião

O perigo de governamentalização da RTP ficou ontem bem visível na intervenção de Miguel Relvas na RTP.

De forma a afastar qualquer suspeita de que foi derrotado politicamente, o ministro quis fazer sangue.

Como responsável da tutela revelou, num tom justiceiro, que nos próximos dois anos a RTP vai ser reestruturada num processo "doloroso", com vista a que, no final do prazo, se volte a colocar a hipótese da privatização. Mas foi mais longe. Falou dos 540 milhões de euros que a RTP custa por ano ao Estado, como se fosse o verdadeiro Presidente da estação ( superando a própria saga de Mário Crespo de que a RTP custa 1 milhão de euros por dia).

É evidente que a RTP é há muito um sorvedouro de despesa, com vencimentos milionários, regalias e mordomias mas cheira a "vendetta" ser Relvas a dizê-lo.

Chegou ao cúmulo de falar em programação e audiências, como se fosse o verdadeiro director da RTP.

Não é assim que o governo consegue mobilizar energias para a reestruturação de que a televisão pública necessita.

Do lado da RTP, a legitimação desta actuação do ministro por parte do presidente da estação, Alberto da Ponte, nomeadamente através da sua presença (ao que se sabe inédita num presidente da RTP) no próprio Conselho de Ministros de ontem, também não se entende.

A pobreza e pequenez do país condena-nos a soluções erradas. Em abstracto, a privatização da RTP era a melhor solução.

Como o mercado português parece exíguo para três televisões em concorrência plena e as condições actuais do mercado publicitário são péssimas (com tendência a que a galinha dos ovos de ouro nunca mais seja o que era), privatizar podia, de facto, trazer grande instabilidade a um sector que (convém não esquecer) é o quarto poder.

No entanto, a privatização, com critérios transparentes, privilegiando grupos sólidos com know televisivo, era a solução que dava mais garantias de uma televisão livre e independente e com critérios seguramente mais justos de reestruturação do que o governo prepara para a RTP.

A verdade dos mercados num negócio como o televisivo é sempre preferível a uma reestruturação da RTP feita no âmbito exclusivo do Estado, do poder totalitário de um governo e da luta política entre os partidos.

Há vinte anos, quando acabou o monopólio estatal de televisão, a pequenez do país também nos condenou a uma situação anómala: a atribuição de um canal de televisão à Igreja Católica, propriedade desta, da Rádio Renascença e do Santuário de Fátima...

Esta situação, que depois conduziu a TVI a outra igualmente anómala, à adulteração do projecto inicial, contrário às condições da licença atribuída, através da venda à Media Capital, também foi responsável ano após ano pelo adiamento sucessivo da reestruturação da RTP e pelo estado a que hoje chegámos....

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