A DOR DE UM PAI

Estivemos no Governo quase cinco anos. E, nesse tempo, a nossa família mais próxima sofreu mais do que nós. Não foram raras as vezes que nos pediram para nos resguardarmos, nos aconselharam cuidados, nos perguntaram, em silêncio, se não seria melhor um caminho de negação.

Esse tempo, do início de 2005 ao final de 2009, não se compara com o que hoje vivemos. Nem na exigência da governação, nem na exposição pública, nem no sufrágio que as novas redes sociais trouxeram e que levam, a cada segundo, a uma obrigação de resposta. E o nosso lugar era mais recuado, menos exposto e, portanto, mais protetor.

Ao lermos as afirmações do Dr. António Passos Coelho, nosso conterrâneo, pessoa que conhecemos e por quem temos elevada consideração desde o tempo em que tratava de nossa avó materna, sabemos do alcance das suas preocupações. Sabemos bem o que é passar a rua em terra pequena, sabemos bem como implica, o humor diário do cidadão, nas nossas próprias vidas.

O desabafo do Dr. António Passos Coelho não é do “foro” político. Não tem uma leitura para além do mero sentimento de pai, de preocupação que sempre teve com os filhos. Por isso, nada se deveria extrapolar da manchete do “i”, porque ela só demonstra o coração apertado com que, aos 87 anos, se confronta com os deveres do filho Pedro.

Sempre estivemos em lados diferentes. Sempre soubemos encontrar a elevação para uma relação cordial e para um entendimento democrático, o Dr. António como Presidente da Assembleia Municipal, nós como líder da bancada da oposição. E sabemos bem quem é este homem que demonstrou, agora e publicamente, o sofrimento que vive. Só podemos estar solidários e preocupados neste momento e só deveremos dar-lhe a força de que precisa para continuar a ser o Senhor que sempre foi.

® 2013.05.22 – Ascenso Simões