quinta-feira, 4 de julho de 2013

CLEPTOCRACIAS ESCRAVOCRATAS



Escravocratas
 

Oh! Trânsfugas do bem que sob o manto régio

Manhosos, agachados - bem como um crocodilo,

Viveis sensualmente à luz dum privilégio

Na pose bestial dum cágado tranquilo

 

Eu rio-me de vós e cravo-vos as setas

Ardentes do olhar - formando uma vergasta

Dos raios mil do Sol, das iras dos poetas,

E vibro-vos à espinha - enquanto o grande basta

 

O basta gigantesco, imenso, extraordinário -

Da branca consciência - o rótulo sacrário

No tímpano do ouvido - audaz não me soar,

 

Eu quero em rude verso altivo adamastórico,

Vermelho, colossal, d'estrépito, gongórico,

Castrar-vos como um touro - ouvindo-vos urrar!

 
(Cruz e Sousa, poeta brasileiro filho de negros alforriados, 1861-1898)

Poema que dedico às cleptocracias escravocratas dos tempos modernos!

 

Loures County Stories

Zeferino Dias

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