MANUEL FREIRE CANTA POEMA DE JOSÉ SARAMAGO - " E CHEGARÁ O DIA DAS SURPRESAS !"
Vale a pena repetir e levantar a indignação!
Em vez de “Dia dos orçamentos”…
“E chegará o Dia das
Surpresas!” (Manuel Freire
canta poema de José Saramago)
Ouvindo
Beethoven
Venham leis e homens de balanças,
mandamentos d'aquém e d'além mundo.
Venham ordens, decretos e vinganças,
desça em nós o juízo até ao fundo.
Nos cruzamentos todos da cidade
a luz vermelha brilhe inquisidora,
risquem no chão os dentes da vaidade
e mandem que os lavemos a vassoura.
A quantas mãos existam peçam dedos
para sujar nas fichas dos arquivos.
Não respeitem mistérios nem segredos
que é natural os homens serem esquivos.
Ponham livros de ponto em toda a parte,
relógios a marcar a hora exata.
Não aceitem nem queiram outra arte
que a prosa de registo, o verso ata.
Mas quando nos julgarem bem seguros,
cercados de bastões e fortalezas,
hão de ruir em estrondo os altos muros
e chegará o dia das surpresas.
(José Saramago, in "Os Poemas Possíveis", 1966)
Venham leis e homens de balanças,
mandamentos d'aquém e d'além mundo.
Venham ordens, decretos e vinganças,
desça em nós o juízo até ao fundo.
Nos cruzamentos todos da cidade
a luz vermelha brilhe inquisidora,
risquem no chão os dentes da vaidade
e mandem que os lavemos a vassoura.
A quantas mãos existam peçam dedos
para sujar nas fichas dos arquivos.
Não respeitem mistérios nem segredos
que é natural os homens serem esquivos.
Ponham livros de ponto em toda a parte,
relógios a marcar a hora exata.
Não aceitem nem queiram outra arte
que a prosa de registo, o verso ata.
Mas quando nos julgarem bem seguros,
cercados de bastões e fortalezas,
hão de ruir em estrondo os altos muros
e chegará o dia das surpresas.
(José Saramago, in "Os Poemas Possíveis", 1966)
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