AS MEMÓRIAS SECRETAS DA RAINHA D.AMÉLIA
D. Amélia fala-nos
sobre o aspecto, modo de vida, hábitos e mentalidade dos
portugueses. Infelizmente em questões mais depreciativas, no geral, muitas
coisas erradas se mantêm iguais. A sua determinação em tirar o povo da
pobreza e minimizar as doenças, implementar condições de higiene, foram alguns
dos seus cavalos de batalha
No meio das descrições depreciativas, nota-se que não considera que seja o povo o verdadeiro causador de tantas misérias e desgraças.
“… mais de 80% de Portugal permanece analfabeto e pobre, vive como os animais, com os quais comunga a comida e o sono, encharcado em álcool e em religião (…) o povo continua lerdo como um lagarto gordo, carnudo de sebo como um sapo, imóvel como uma galinha (…) eu desculpava este povo que também era meu, assim o ensinaram a sobreviver, nunca o dinheiro vindo dos banqueiros europeus lhe tocou, dispersou-se entre as cliques dos partidos, a elite dos patrões cominados com os políticos porosos como melancias, melancias podres (…) todos em casa a tremer a rabeira, abandonam o rei à sua sorte, os que tinham pouco querem mais, são os que nos expulsam, às duas rainhas de Portugal, não os que nada têm, esses são o rebotalho, a enxúndia, a ralé, a gentalha, a populaça, a turba, a horda, a plebe, a chusma, a caterva, a arraia-miúda, o populacho, enfim, o povo que enche os comícios, marcha nas manifestações e morre na rua pelos poderosos de cada momento.”
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"Furtado do espólio de Salazar aquando da invasão dos seus antigos aposentos no dia 25 de Abril de 1974, o manuscrito "As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia", escrito nos últimos anos de vida e doado pela própria à Casa de Bragança, em Lisboa, através da mão do chefe do Estado Novo, foi recuperado em Sófia, na Bulgária, na Comemoração do Centenário da República, por Miguel Real, que foi incumbido de o depositar na Torre do Tombo, já o tendo feito. Neste manuscrito, a Rainha D. Amélia retrata a sua vida em doze pequenos capítulos, equivalente a um por cada mês do ano, organizados em quatro grandes partes, seguindo o ritmo das estações, da Primavera, na infância, ao Inverno triste da sua velhice. Um documento pungente, doloroso e comovente, fortemente crítico de Portugal e dos Portugueses, permanentemente iludidos pelas artimanhas de elites ineptas e ignorantes."
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