AS GREVES À PORTUGUESA E A PRIVATIZAÇÃO DAS PRAIAS
AS GREVES À PORTUGUESA E A PRIVATIZAÇÃO DAS PRAIAS
Dia de Greve Geral, foram convocadas manifestações ...
O Alberto e a Luísa acordam bem cedo e desatam a tirar os putos da cama. Desembrulham os fatos e calções de banho enrugados nas gavetas desde o Verão passado e correm a casa à procura de chinelos e toalhas.
O Alberto, já sentado no sofá a fumar, depois de ter encontrado a SUA toalha, avisa toda a gente a gritar lá da sala, que daqui a pouco não consegue estacionamento em lado nenhum ao pé da areia, e que depois têm da andar muito, enquanto deixa a Luísa na cozinha a fazer as sandes todas e a bramar com a pequenita Inês, que para além de só encontrar um chinelo, quer levar uma lista interminável de castelos, bonecas, bolas, bóias e mais uma série de coisas da "Hello Kitty".
O Nuno ... filho mais velho, só agora deixou de andar pela casa de boxers, ensonado com olhos de carneiro mal morto, como quem procura algo sem saber o quê, boceja ruidosamente, enquanto já despachado, penteia a grande cabeleira com os dedos, afastando-a dos olhos.
Passada meia hora, todos no Fiat Punto, com as janelas abertas, que o carro para além de ter a tinta toda a sair do tejadilho, não tem ar condicionado, vão entrando na ponte 25 de Abril em direcção à Caparica. Alberto, manda vir com toda a gente, o barulho vindo lá de fora provocado pelas janelas abertas não o deixa ouvir a rádio que noticia o desenrolar da greve geral. Enquanto pretende que a única janela aberta seja a dele, porque acabou de acender outro cigarro, vai chamando bandalho e ladrão a Passos Coelho, e praguejando que devia ser greve até o governo ir embora, e que qualquer dia parte isto tudo.
O processo de estacionamento foi moroso. No parque poeirento destinado a viaturas da Praia da Rainha, com a roupa transpirada, vão decidindo quem carrega o quê ... entre o descarregar da geleira, chapéu de sol, e sacos cheios das bonecadas todas da Inês, toalhas, revistas da semana anterior e jornais, Nuno é ameaçado com uma «chapada nas orelhas» porque já lá vai à frente apenas com a sua toalha e o seu IPod e não ajuda ninguém.
Arranjar lugar para o chapéu-de-sol também não é coisa fácil. A Praia está cheia de gente, toalhas na areia, futebolistas de barriga bronzeada, geleiras à sombra, pessoal das raquetas do LIDL, rádios no máximo, e miúdos a correr em direcção à água, jogando areia para cima daqueles que muito incomodados com isso, a vão sacudindo da ponta da toalha, de óculos escuros e enfadados.
A família não arranja lugar perto do mar. Ficam na parte de cima, onde a areia é mais solta e quente. A Inês, embora queixosa, que está a queimar os pés, lá se apressa a despir o vestidinho, mostrando o seu biquíni cor-de-rosa, enquanto a mãe lhe passa protector solar pela pele, enchendo-lhe a cara, braços e ombros da camada branca característica. O Alberto vai segui-la até lá abaixo, indo gritando para ela não ir a gritar, aproveita para fumar o cigarrito que vai deixar disfarçadamente no mar, e ver se a água está fria ou não, molhando os pés.
O Nuno de phones nos ouvidos, protesta porque não percebe porque tem de ser ele a montar o chapéu-de-sol, enquanto dá uma vista de olhos para os lados, a ver qual a localização para a sua toalha que lhe permita uma vista ... mais agradável para as raparigas vizinhas. A Luísa pergunta-lhe se ele já tem fome ... 2 vezes, porque este não a ouviu à primeira.
Mais logo irão regressar encarnados, salgados, cansados, fartos, a bramar uns com os outros ... mas felizes, e de volta no Punto, o rádio passa que uns manifestantes foram presos ... mas ninguém percebeu bem. A atenção nessa altura estava virada para o facto de Luísa ter deixado cair os trocos para a portagem para debaixo do banco.
... e um dia que a praia passe a privada, ironicamente tornada possível porque a malta só pensa em lá ir, confinando a indignação portuguesa à conversa no café, sempre podem encher a banheira lá de casa, e apanhar sol na varanda.
Para a semana, vão ao mega-piquenique no Terreiro do Paço. Vai lá estar o Tony Carreira, e a Luísa quer muito vê-lo. O Alberto nem sonha quanto.
(Do: RisUP).
Dia de Greve Geral, foram convocadas manifestações ...
O Alberto e a Luísa acordam bem cedo e desatam a tirar os putos da cama. Desembrulham os fatos e calções de banho enrugados nas gavetas desde o Verão passado e correm a casa à procura de chinelos e toalhas.
O Alberto, já sentado no sofá a fumar, depois de ter encontrado a SUA toalha, avisa toda a gente a gritar lá da sala, que daqui a pouco não consegue estacionamento em lado nenhum ao pé da areia, e que depois têm da andar muito, enquanto deixa a Luísa na cozinha a fazer as sandes todas e a bramar com a pequenita Inês, que para além de só encontrar um chinelo, quer levar uma lista interminável de castelos, bonecas, bolas, bóias e mais uma série de coisas da "Hello Kitty".
O Nuno ... filho mais velho, só agora deixou de andar pela casa de boxers, ensonado com olhos de carneiro mal morto, como quem procura algo sem saber o quê, boceja ruidosamente, enquanto já despachado, penteia a grande cabeleira com os dedos, afastando-a dos olhos.
Passada meia hora, todos no Fiat Punto, com as janelas abertas, que o carro para além de ter a tinta toda a sair do tejadilho, não tem ar condicionado, vão entrando na ponte 25 de Abril em direcção à Caparica. Alberto, manda vir com toda a gente, o barulho vindo lá de fora provocado pelas janelas abertas não o deixa ouvir a rádio que noticia o desenrolar da greve geral. Enquanto pretende que a única janela aberta seja a dele, porque acabou de acender outro cigarro, vai chamando bandalho e ladrão a Passos Coelho, e praguejando que devia ser greve até o governo ir embora, e que qualquer dia parte isto tudo.
O processo de estacionamento foi moroso. No parque poeirento destinado a viaturas da Praia da Rainha, com a roupa transpirada, vão decidindo quem carrega o quê ... entre o descarregar da geleira, chapéu de sol, e sacos cheios das bonecadas todas da Inês, toalhas, revistas da semana anterior e jornais, Nuno é ameaçado com uma «chapada nas orelhas» porque já lá vai à frente apenas com a sua toalha e o seu IPod e não ajuda ninguém.
Arranjar lugar para o chapéu-de-sol também não é coisa fácil. A Praia está cheia de gente, toalhas na areia, futebolistas de barriga bronzeada, geleiras à sombra, pessoal das raquetas do LIDL, rádios no máximo, e miúdos a correr em direcção à água, jogando areia para cima daqueles que muito incomodados com isso, a vão sacudindo da ponta da toalha, de óculos escuros e enfadados.
A família não arranja lugar perto do mar. Ficam na parte de cima, onde a areia é mais solta e quente. A Inês, embora queixosa, que está a queimar os pés, lá se apressa a despir o vestidinho, mostrando o seu biquíni cor-de-rosa, enquanto a mãe lhe passa protector solar pela pele, enchendo-lhe a cara, braços e ombros da camada branca característica. O Alberto vai segui-la até lá abaixo, indo gritando para ela não ir a gritar, aproveita para fumar o cigarrito que vai deixar disfarçadamente no mar, e ver se a água está fria ou não, molhando os pés.
O Nuno de phones nos ouvidos, protesta porque não percebe porque tem de ser ele a montar o chapéu-de-sol, enquanto dá uma vista de olhos para os lados, a ver qual a localização para a sua toalha que lhe permita uma vista ... mais agradável para as raparigas vizinhas. A Luísa pergunta-lhe se ele já tem fome ... 2 vezes, porque este não a ouviu à primeira.
Mais logo irão regressar encarnados, salgados, cansados, fartos, a bramar uns com os outros ... mas felizes, e de volta no Punto, o rádio passa que uns manifestantes foram presos ... mas ninguém percebeu bem. A atenção nessa altura estava virada para o facto de Luísa ter deixado cair os trocos para a portagem para debaixo do banco.
... e um dia que a praia passe a privada, ironicamente tornada possível porque a malta só pensa em lá ir, confinando a indignação portuguesa à conversa no café, sempre podem encher a banheira lá de casa, e apanhar sol na varanda.
Para a semana, vão ao mega-piquenique no Terreiro do Paço. Vai lá estar o Tony Carreira, e a Luísa quer muito vê-lo. O Alberto nem sonha quanto.
(Do: RisUP).
publicada por (im)parcial @ 12:17 0 Comentários
E o PS nacional? Tem conhecimento e assobia para o lado.
No caso CEMUSA há que tirar o chapéu ao Carlos Teixeira. É ele o grande responsável por esta proposta que estava há meses para ser votada.
Porque é que o Presidente da Câmara Municipal de Loures quer perdoar uma dívida de 600 mil euros à Cemusa?
Como é que a maioria PS vai acabar o mandato "sem" maioria?
Será que nos próximos 2 meses Loures ganha uma maioria absoluta na oposição?
A história deve ser bem contada. A maioria absoluta do PS não vem de 2009. O PS já tem “maioria absoluta” desde o anterior mandato. Estão esquecidos? Eu não. No anterior mandato já o PS tinha feito uma coligação com um dos vereadores do PSD (João Galhardas) o que lhes permitiu fazer aprovar TUDO por maioria.
Em 2009, o povo entendeu que o PS merecia a efetiva maioria absoluta. Aí, deu-se o golpe fatal. Instalou-se a oposição dentro da própria bancada PS e o nível de gestão degradou-se por completo: com um Presidente viajante, a resolver a sua vida e a dos seus, o restante executivo entrou em delírio palaciano, dedicando-se aos jogos de bastidores e à promoção pessoal de cada um.
É lamentável que com algumas boas opções políticas para liderar o futuro do concelho, o PS tenha optado mais uma vez pela pior equipa possível. A equipa sucessora da Dinastia Teixeira foi escolhida com base numa política de cacique e suportada por uma máfia infantil que não é melhor que o “conjunto” de especialistas contratados pelo atual governo PSD.
Foram os jovens de JS, manobrados pelo Leão, Nunes e Lima, que mobilizaram os militantes para uma causa que não é a deles, é a de alguns. Estes três senhores minaram as relações entre todos no órgãos locais do partido, “compraram” apoios e fizeram e fazem inúmeras manobras de bastidores para demonstrarem um poder que só têm pelas cedências que são feitas sob pressão ou pelas promessas. Esta equipa local do PS, validada (diferente de apoiada) pelo Secretário-Geral, vai dar continuidade a uma gestão discricionária, despesista, obscura e contrária ao interesse público, como a que temos assistido.
Parabéns ao executivo da Câmara de Loures pelo trabalho desenvolvido! Todo farei para apoiar a dar continuidade a esse trabalho.
Parabens Carlos Teixeira, Ricardo Leão, Ricardo Lima e Sónia Paixão.
Brada aos céus, isto não é estalinismo? Estão com medo dela, porquê? Não envergonhem ainda mais o PS e os muitos socialistas que não se revêm nestes 'ricardismos' que nada fizeram na vida. Tenham um pouquinho de vergonha na cara!
Carlos Teixeira abdicou da candidatura à Câmara Municipal de Mafra porque os interesses que estão por trás dos Serviços Municipalizados são muito mais importantes que a Câmara de Mafra.